segunda-feira, 28 de março de 2016

QUEM NÃO SE LEMBRA DE SEUS AVÓS.?

QUEM NÃO SE LEMBRA DE SEUS AVÓS.?

Não que ele fosse um homem rico para financiar essas coisas. Longe disso. Tinha trabalhado muito e guardado algumas parcas economias. Mas isso nunca o impediu de ajudar um filho ou um neto que precisasse.
 Na cama, no final da vida, ainda se preocupava com o único filho, o meu pai ou neta em dificuldade e mandava pagar isso ou aquilo, pegando dinheiro no bolso do palitó, ou se a quantia fosse maior, pegava em sua "conta bancária" que era guardados com a minha mãe, socorrer alguma emergência, que as vezes nem ela sabia para que era o socorro.
Isto depois de feito a ajuda, bem mais tarde ou noutro dia, a ela ele contava.

Mas, contava minha mãe, que ele a vida inteira tinha sido assim, de ajudar todo mundo.
 Trazia amigos e filhos de amigos, para almoçar em nossa casa;
 emprestava dinheiro se tivesse (e não era sempre que tinha)…

O mais incrível que hoje reconheço nele é que nunca eu ouvi de sua boca qualquer cobrança, qualquer crítica às pessoas a quem havia ajudado. (O que mais observo na vida é gente ajudando sempre com condições humilhantes, sempre jogando na cara o que fez, sempre exigindo coisas em troca).

Isso tudo não quer dizer que fosse santo. Tinha sangue de mistura de portugues e italiano e por isso era bravo.
 Mas dessa braveza inofensiva, que podia render um dia de cara feia, mas depois de se desanuviava.
 O seu maior problema era a relação com minha avó, que sofria de doenças da época.
 O homem podia tudo e a mulher nada. Muita briga, muita ciumeira. Mas depois dos 50 anos de idade, ele se aquietou e, apesar das brigas terem persistido sempre, cuidou dela até o fim.

O que de tudo ficou mais forte de herança em mim – hoje reconheço – é a sua relação italiana com a comida: dar importância ao ato de comer como um ato sagrado, em que a família deve se reunir em torno da mesa, para celebrar.
 E mais, que cozinhar para alguém é uma prova de amor.
Para ele minha mãe  era um cozinheira de mão cheia: pães, massas, pastéis, couve, bacalhau, carne de porco e banhas que ficava guardado nas latas com gordura de porco.
Era ele matava porco, e neste dia era uma correria só, mas tudo ficava ao seu  jeito.
Tudo fazia na mão, de forma artesanal.
Levantava 6 horas da manhã para fazer a matança, o fogo já começava a acender
. E eram travessas e mais travessas de delícias de carnes, todas separadas
 E a visita sempre levava alguma coisa para casa.
Logo após o corte das bandas do porco. ele mandava chamar as comadres favoritas, para pegarem cada uma uma porção do porco.
Saudades, meu querido avô Fontoura.
Antonio S. Sousa.

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